MINERAÇÃO
URBANA, UM SETOR PROMISSOR E EM ASCENSÃO







O conceito de mineração urbana é um tema que deve ser abordado constantemente por estar alinhado com quatro temas importantes para a sustentabilidade, como a Economia Circular, a Logística Reversa, por ser um setor do futuro e ir de acordo com alguns dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Neste artigo vamos falar mais sobre esse conceito e como ele se encaixa perfeitamente nos itens citados acima.

O que é Mineração Urbana?

A mineração urbana está ligada ao gerenciamento e extração de matéria-prima dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), ou seja, é a mineração de minérios que podem ser ferrosos ou não, de equipamentos elétricos e eletrônicos que serão descartados, fazendo a reciclagem e a circulação desses materiais, evitando o descarte em aterros sanitários.

Ferro, ouro, prata, alumínio, cobre, platina, aço, terras raras, plásticos e vidro são os principais elementos extraídos deste tipo de serviço. Então, ao invés de buscarmos esses minérios na natureza, extraímos eles de equipamentos descartados. Com um grande potencial, esse setor vem mostrando que possui os três pilares necessários para ser sustentável: social, econômico e ambiental.

No âmbito social, esse setor cria a oportunidade de trabalho e novas formações acadêmicas que surgem para atender o setor; no âmbito econômico, ele é um setor que possui oportunidades iguais ou até melhores do que para uma mineradora tradicional; e no âmbito ambiental, ele evita a necessidade da extração de matéria-prima da natureza além de fazer o tratamento de descartes e a diminuição dos mesmos em aterros sanitários.

E como é o processo de mineração?

O processo de mineração urbana acontece em quatro passos. Que são:

RETIRADA DOS PRODUTOS: A primeira etapa se torna a mais difícil de ser realizada, pois é o primeiro passo e precisa necessariamente do apoio e da conscientização da sociedade e de entidades. As Mineradoras Urbanas muitas vezes se comprometem em criar projetos, juntos das prefeituras, para fazer a conscientização e a retirada dos equipamentos, e isso pode acontecer de várias formas, como um aplicativo personalizado que a sociedade possa agendar a retirada de seus REEE ou com pontos de coletas espalhados pela cidade.

TRIAGEM DOS REEE: Nessa etapa os REEE são desmontados, peça por peça e separados por categorias de materiais. Aqui são identificados equipamentos que estão em perfeito funcionamento, e voltam para o mercado como produtos de segunda linha.

DESCARACTERIZAÇÃO: Essa parte é industrial, é quando o material recebe um tratamento adequado, alguns são triturados e outros são derretidos. No Brasil não existe indústria focada no manuseio desses metais, eles são vendidos para indústrias estrangeiras fazerem esses processos.

COMERCIALIZAÇÃO: Aqui é quando o material foi reciclado na etapa anterior e agora ele pode ser reinserido no mercado como matéria-prima de origem secundária. Uma observação importante é que, mesmo possuindo o nome de “origem secundária”, esses materiais possuem a mesma qualidade dos materiais extraídos da forma tradicional.

Todos os materiais que são provenientes da mineração urbana podem ser utilizados em construção civil, criação de assoalhos, paletes, móveis e até mesmo em filamentos para impressoras 3D. A aplicação é infinita.

A organização associativa Solving The E-waste Problem (StEP) faz parte da Universidade das Nações Unidas, e lançou um relatório mostrando que a reciclagem de uma tonelada de celulares renderia 3,5 kg de prata, 130 kg de cobre e 340 gramas de ouro. Estima-se que em 2016, se o Brasil tivesse reciclado cobre, alumínio, ouro e prata através da mineração urbana, ele teria recuperado cerca de R$4 bilhões em materiais.

Quais são os incentivos para o setor?

Esse setor ganhou visibilidade e chances de incentivo a partir da Lei nº 12.305 de 2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), acompanhe o artigo sobre essa legislação aqui em nosso blog.

Além da PNRS o Brasil também conta com duas normas técnicas que abordam a gestão de resíduos eletroeletrônicos, que são a ABNT NBR 15.833/2010 e a ABNT NBR 16.156/2013. Elas vão falar sobre o manufaturamento reverso de refrigeradores e de equipamentos eletroeletrônicos no geral.

Por onde começar?

A primeira coisa que deve ser feita ao começar em um setor desconhecido é o passo da informação, se informar e ver quais entidades apoiam e auxiliam esse setor. Em julho de 2021, o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) lançou um livro com foco no cooperativismo dentro do setor de Mineração Urbana, o livro “Mineração Urbana e Cooperativismo: Uma abordagem sobre a reciclagem de resíduos de eletroeletrônicos” foi escrito por pesquisadores e consultores do CETEM, e ele é um bom 1º passo para começar, você encontra o livro disponível gratuitamente no site da CETEM, ou no link: www.cetem.gov.br/antigo/livros

A Mineração Urbana é considerada um setor do futuro, pois vai de acordo com os ODS 11 e 12, que são respectivamente os “Cidades e Comunidades Sustentáveis” e “Padrões de Produção e Consumo Responsável”. Quer saber mais sobre os ODS, acompanhe o artigo sobre esse assunto aqui em nosso blog.

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